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16 de julho de 2011

Harry Potter

Meus olhos haviam grudado na imagem da televisão, às vezes até um pouco incerta pela reprodução por VHS, mas eu não me importava. Eu havia adorado Hogwarts, assim como a incrível história do menino que sobreviveu sem ao menos saber ao certo o que acontecia com a minha pouca idade.
O ano era 2003 e lá estava eu com meus sete, oito anos. Mais uma criança que havia se encantado em tão pouco tempo com aquele mundo mágico.
Eu não lembro o que aconteceu naquele dia (e como poderia?), mas eu sei que eu consegui levar A Pedra Filosofal e A Câmara Secreta para casa, emprestados de um amigo meu. Na hora provavelmente não pensei, mas como ele não teria me contado antes?
Demorou um tempo para que eu lesse o primeiro livro; foi há um pouco mais de sete anos, quase bem no tempo de receber minha carta de uma escola de magia e bruxaria que nunca veio. Assim, O Prisioneiro de Azkaban já havia passado no cinema e eu o havia assistido muito animada e assustada! Afinal, a história se tornou mais sombria a cada ano...
Mas eu mal terminei de ler A Pedra Filosofal (o qual eu ganhei no meu aniversário de 10 anos) e já corri ler o segundo, e depois o terceiro, e o quarto. Um livro por mês, bom para alguém com a minha idade. Naquele ano também vi O Cálice de Fogo no cinema.
O quinto, A Ordem da Fênix, e o sexto, O Enigma do Príncipe, livros eu li no ano seguinte. Cada vez mais e mais animada para saber o desfecho dessa história.
O quinto filme da série veio alguns dias antes da minha primeira grande viagem internacional em 2007. Eu estava doente, mas eu não iria perder a viagem e o filme por causa disso. Com o ingresso comprado uns bons dias antes (fui a segunda a comprar para a primeira sessão do dia da estréia; afinal, ninguém ia me levar na pré, meia noite e doente) e a chegada um pouco atrasada, eu fi o filme fascinada (e incomodada com alguém sem coração que ficava batendo nas minhas costas), sem contar minha mãe do lado me dando remédio e medindo minha febre a cada alguns minutos.
No fim, eu viajei. Em Londres, eu me animava cada vez que passava por um grande ônibus vermelho com a propaganda de Harry ou por uma livraria anunciando a chegada do último livro. O mais legal foi no último dia por lá (no outro de manhã iríamos embora): eu vi enormes vitrines cheias, cheias e cheias de As Relíquias da Morte.
Na hora de ir embora da minha amada Londres, eu estava um pouco tristinha de não ter ido à tão famosa Estação de King's Cross, mas tudo se iluminou quando meu pai apareceu no ônibus da excursão com um livro novo em mãos: eu havia ganhado um dos primeiros exemplares da épica conclusão de Harry Potter!
Como eu não entendia muita coisa de inglês naquela época, esperei até 2008 quando o livro saiu em português para realmente saber o final. Devorei-o em poucos dias, depois de medo e choro. E quando eu acabei, pareceu ser mesmo o fim. Foi como se alguma parte de mim tivesse acabado junto com a história dos meus bruxos preferidos. Afinal, eu havia me emocionado muito e até crescido com aquela aventura de Harry, Rony e Hermione (além de TODOS os outros grandes personagens). Eu me sentia parte.
A luz parecia ser os dois (que depois viraram três) filmes que ainda iriam pro vir. Lançou o sexto e enfim estava perto do sétimo ano nas telonas. No começo não aceitei muito bema  divisão de As Relíquias da Morte, parecia forçado, mas realmente toda as confusões e bravuras do livro não caberiam em duas, três horas de filme (mesmo que por mim, eu ficaria o dia inteiro em uma sala de cinema).
Estava quase certo que eu veria a parte 1 na pré-estréia. A minha PRIMEIRA pré-estréia de Harry Potter, mas no fim não aconteceu. Quero dizer, eu nunca fui em uma pré-estréia de HP, e agora também nunca irei. Mas tudo bem, no fim eu vi o filme do mesmo jeito. Assim como eu vi premières online, pelo menos das dos dois últimos filmes, as quais eu acompanhei, gritei e me emocionei com cada palavra. Coisa de fã.
E então, mais uma vez eu estava indo para a Europa. E Londres mais o fim de Harry Potter pareceu meu carma. Na primeira vez, eu estava lá no lançamento do último livro. Na segunda, o último filme.
Passei meus primeiros dias na cidade atrás de um cinema que não fosse tão caro, mas no final acabei indo à um em que gastei 18,60 libras. O mais barato da grande sala de estréias na Piccadilly Circus e o qual eu nem quero saber o preço em reais.
E no dia 15 de julho, às nove horas da manhã, lá estava eu com meu ingresso em mãos para ver o fim de uma era.
O tempo parecia não passar, as pessoas iam e vinham, onde se lia Transformers na bilheteria fora trocado por Harry Potter, seguranças apareciam e fãs e mais fãs aparatavam, enchendo a frente do cinema.
Um pouco antes das nove e meia, as portas foram abertas, estávamos perto! Entrei, sentei em meu lugar (fileira V, cadeira 15) e fui umas boas vezes ao banheiro antes do filme começar de nervosismo.
Exatamente às 09:45 os trailers iniciaram. Já aí senti um pouco de dificuldade em acompanhar o inglês britânico nas falas das propagandas, mas até que acho que me saí bem.
Quando começou o filme, veio também uma pequena gritaria. E mal o logo da Warner Bros havia passado, eu já chorava feito uma criancinha que perdeu um doce.
Tudo que se passava pela minha cabeça, além de tentar entender o que os personagens falavam, era que seria a última vez que eu veria um novo filme de Harry Potter. E eu chorei, sorri, ri, chorei mais um pouco e me emocionei muito durante o filme inteiro.
Ofegos, palmas, suspiros, tudo o que você pode imaginar, tudo o que eu e mais todos os outros fãs ali sentimos será uma coisa que com certeza nenhum de nós vai esquecer.
Cada piada, cada feitiço, cada riso, cada grito de incentivo, cada morte, cada lágrima. Tudo valeu a pena. Tudo ainda vale a pena e vai continuar valendo.
Sim, eu confesso. Eu chorei sim e muito do começo ao fim do filme. Às vezes de alegria, às vezes de tristeza, saudades, admiração, surpresa e acho que mais uma pitada de tristeza. O filme é lindo, mas em minha opinião é sim muito triste.
E quando ele acabou, eu fiquei sentada olhando a sala se esvaziar e os créditos passarem. E com eles, mais uma parte de mim ia embora.
Mas não, aquele NÃO era o fim. Existe um mundo inteiro de Harry Potter ainda entre nós. Seja ler de novo os livros ou ver de novo os filmes, seja o grande parque temático em Orlando, sejam as milhões de fanfictions (histórias criadas por fãs) da série, sejam os produtos, sejam aqueles que acreditam e vivem. E como J. K. Rowling, a grande criadora de tudo, disse: Hogwarts will always be there to welcome you home.
E eu acho que tudo isso resume o grande sentimento que eu tenho por essa maravilhosa saga (afinal, eu poderia passar dias falando sobre Harry Potter. Mas no caso, fazer vários posts (quem sabe no futuro)), ou vocês podem chamá-lo apenas de Amor.
Afinal,

We♥It

Maddie.