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2 de fevereiro de 2012

Há dois anos...


Quando você se muda, aparece um leque de possibilidades de quem poderia ser o seu novo eu.
É uma chance de recomeçar do zero, onde dessa vez, tudo vai dar certo. Ah, a ignorancia dos esperançosos.
Há dois anos eu tinha muito mais medo do que essa tal de esperança. Se aparecesse um buraco sob meus pés, eu não pensaria duas vezes em me esconder dentro dele e só sair quando sentisse que tudo estava em segurança de novo.
Sim, eu me culpo um pouco por ser como eu sou. Estraga tudo. Não vejo a mudança como uma chance de acertas as coisas, mas como para refazer os erros. Só mais dor e tristeza.
O caso é que eu não sobrevivo sem um ponto seguro. E quando algo muda, eu só vejo o medo de fracassar. Eu não sei ser extrovertida ou espontânea. Por isso para mim, mudanças não são nada fáceis.
Olhe para o chão, se esconda em um canto, não encare ninguém, faça de conta que seu celular é o seu melhor amigo. Passe despercebido.
Chegar em alguém e dizer "Oi, meu nome é Amanda e eu sou nova aqui. Posso ir com vocês?" é a mesma coisa que alguém arrancar o meu braço ou algo assim para mim.
Quantas vezes eu fiz isso há dois anos? Muitas.
Se adaptar é difícil, principalmente quando você está mais velho e o lugar é cheio de grupinhos. Antes tudo era mais fácil, a gente dividia um giz de cera e já éramos os melhor amigos para sempre. Como no jardim da infância. E pelo menos por lá eu poderia citar High School Musical sem receber milhares de olhares de reprovação.
A vontade é desistir. Mas eu quero provar para mim mesma que eu posso. Voltar atrás? Só quando não haver nenhuma, mas nenhuma mínima chance mesmo.
Eu nunca pensei que hoje eu estaria assim. Porque antes de eu pisar em um lugar novo, eu tinha alguma esperança. Mas não tinha ninguém para me acolher. 
Eu nunca vou esquecer o quão ruim é sair andando pela escola na hora do intervalo, se esconder no banheiro para passar o tempo ou sentar em algum canto fingindo que está tudo bem. Fazer dupla com alguém durante a aula? Já posso me esconder embaixo da carteira? Colocar uma sacola na cabeça? Ir embora?
Talvez o pior ainda seja chegar em casa e alguém perguntar como foi o dia. E quando alguém faz piada.
Sim, eu tenho um problema. Eu assumo. Eu busco ajuda, mas também não é assim de um dia para o outro, que nem querer aprender qualquer coisa antes da prova.
Há dois anos eu nunca pensei que sentiria tanta falta das verdadeiras amizades, que seria traída de uma forma tão baixa, que odiaria tanto Literatura ou que até mesmo veria a Terra da Rainha de novo.
A vida prega peças. E eu não gosto do maioria delas.
Alguém me dê um remédio para timidez.
Maddie.